Além dos cinco títulos mundiais, outra coisa notabiliza a Seleção Brasileira na história das Copas do Mundo: o destempero contra equipes superiores.
Em 1938, Domingos da Guia bordoou o italiano Piola, dentro da área, contribuindo na queda diante da Azzurra nas semifinais. Dezesseis anos depois, protagonizamos a Batalha de Berna na tentativa de frear a Hungria de Puskás, nas quartas.
Mas em 1974 fomos além na antítese ao bom futebol. Descemos a ripa no Carrossel Holandês, num dos jogos mais violentos do século XX.
Valia vaga na decisão. Brasil e Holanda, invictos, prevaleceram no Grupo A da segunda fase e quem vencesse encararia a anfitriã Alemanha Ocidental na final.
A Laranja Mecânica impressionava. Atletas sem posição fixa, apenas um golzinho sofrido e vitórias acachapantes, incluindo um 4×0 na Argentina de Roberto Perfumo.
Já a Canarinho, treinada por Zagallo, nem de longe lembrava os bailes da campanha do Tri. Não tinha Pelé, Gérson, Tostão, Clodoaldo nem Carlos Alberto, e levou 192 minutos pra marcar o primeiro gol no Mundial.
Pois bem. O duelo ocorreu em 3 de julho de 1974, no Westfalenstadion (Dortmund), e sequer vimos a cor da pelota.
O maior temor dos comandados de Rinus Michels era o setor defensivo brasileiro, quase imbatível. Temor este que os fez respeitar os atuais campeões durante os 30 minutos iniciais. A partir daí, criaram coragem e foram pra cima.
Taticamente perdido, o Brasil recorreu à treta.
Marinho Chagas disparou cusparadas em Cruyff, esparramando saliva nas costas do oponente sempre que podia. Zé Maria foi outro a sacanear o craque, agarrando-o pelas pernas, a fim de parar contra-ataque perigoso. Marinho Peres distribuiu bordoadas em Jansen e Neeskens, agredido ainda por Valdomiro, Rivelino e Luís Pereira.
Houve revide do lado europeu, sim, principalmente sobre Rivelino. Os caras, porém, também quiseram ganhar e Leão trabalhou incansavelmente até não mais poder evitar a tragédia. Aos 5 do segundo tempo, sob tempo frio, Cruyff cruzou pela direita e Neeskens abriu o placar. Adiante, aos 20, o próprio Cruyff mandou bala e fechou a conta em 2×0.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 0X2 HOLANDA
Local: Westfalenstadion, Dortmund (Alemanha Ocidental).
Data: 3 de julho de 1974, às 19h30 (hora local).
Árbitro: Kurt Tschenscher (Alemanha Ocidental), auxiliado por Robert Davidson (Escócia) e Govinahsamy Suppiah (Cingapura).
Público: 53.700 pagantes.
Gols: Neeskens, aos 5, e Cruyff, aos 20 do 2º tempo (Holanda).
Cartões amarelos: Luís Pereira, Zé Maria e Marinho Peres (Brasil); Rep (Holanda).
Cartões vermelhos: Luís Pereira (Brasil).
Brasil: Leão; Zé Maria, Luís Pereira, Marinho Peres e Marinho Chagas; Paulo César Carpegiani, Rivelino e Paulo César Caju (Mirandinha); Valdomiro, Jairzinho e Dirceu.
Técnico: Zagallo.
Holanda: Jan Jongbloed; Wim Suurbier, Arie Hann, Wim Rijsbergen e Ruud Krol; Wim Jansen, Johan Neeskens (Rinus Israel) e Wim Van Hanegem; Johnny Rep, Rob Rensenbrink (Theo De Jong) e Johan Cruyff.
Técnico: Rinus Michels.
Ficha da partida: Brasil 0 x 2 Holanda
Aqui: https://jogosdaselecaobrasileira.wordpress.com/
Pingback: 3 de Julho de 1974 – Brasil 0 x 2 Holanda | Seleção Brasileira Todos os Jogos
Mesmo assim foi melhor que os 1 x 7,,,,,,