Beatles fora dos Beatles => Sentimental Journey (Ringo Starr, 1970)

(Última atualização: 27 de fevereiro de 2023)

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(Capa do álbum Sentimental Journey. Imagem: reprodução)

Os primeiros álbuns solo dos Beatles foram dominados por uma estrondosa vontade de romper a polidez do som do grupo. George Harrison e John Lennon, os pioneiros, loucos para provar ao mundo que tinham voz própria, apostaram em extravagâncias vanguardistas. Ringo Starr, por sua vez, pensava diferente. Quando chegou sua hora de gravar enquanto solista, o baterista apostou na nostalgia tradicional.

Entre o fim de 1969 e o começo de 1970, o fim do quarteto de Liverpool não estava escrito em pedra, embora já pairasse no horizonte, tingindo de cinza o outrora céu azul de Ringo. Em meio ao acaba-não-acaba, ele se questionou.

E aí?

Que fazer da vida?

Achou a resposta voltando ao passado. Encorajado pela mãe e o padrasto (e pelos parceiros de banda), Starr reuniu um punhado de standards, bem ao agrado dos familiares, e criou um álbum que homenageava os Starkey, sobretudo a mulher que lhe deu à luz. Nasceu, assim, Sentimental Journey.

Lançado pela Apple em 27 de março de 1970, num período forrado de singer-songwriting e rock de grandes plateias, o LP soou deslocado. Anacronismo, este, ressaltado pela produção de George Martin e os arranjos de viés retrô criados por gente como Paul McCartney (“Stardust”), o bee gee Maurice Gibb (“Bye Bye Blackbird”), Klaus Voormann (“I’m a Fool to Care”), Quincy Jones (“Love is a Many Splendoured Thing”) e o próprio Martin (“Dream”).

Mas Sentimental Journey também revelou uma grande e agradável surpresa ao ouvinte. Tão universalmente criticada, a voz de Ringo quedou-se muito adequada ao modo crooner requerido pelo repertório de tons pop jazzísticos.

Colocado correndo nas lojas, a fim de evitar competição em vendas com o canto de cisne beatle, Let it Be (lançado em maio), o debute solo do batera foi ornado com uma capa de estética marcante: uma foto da fachada do pub The Empress – próximo ao local onde o músico nasceu – com imagens dos familiares dele sobrepostas nas janelas do edifício. Conceito similar ao explorado pelo Led Zeppelin, cinco anos depois, no celebrado Physical Graffiti.

TRACKLIST

  1. Sentimental Journey
  2. Night and Day
  3. Whispering Grass (Don’t Tell the Trees)
  4. Bye Bye Blackbird
  5. I’m a Fool to Care
  6. Stardust
  7. Blue, Turning Grey Over You
  8. Love is a Many Splendoured Thing
  9. Dream
  10. You Always Hurt The One You Love
  11. Have I Told You Lately That I Love You?
  12. Let the Rest of the World Go By

Em fevereiro de 2023, Sentimental Journey foi tema de uma resenha em vídeo, lá no meu canal no Youtube. Dá só uma olhada:

4 respostas em “Beatles fora dos Beatles => Sentimental Journey (Ringo Starr, 1970)

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