Superunknown – Soundgarden, 1994 | Discos clássicos

(Post atualizado em 25 de maio de 2024)

soundgarden - superunknown

(Capa do álbum Superunknown. Imagem: reprodução)

Eu demorei a gostar de Soundgarden. Achava o som da banda meio… Igual. Sem variação.

Lembro, particularmente, de ouvir o Superunknown, anos atrás, e me forçar para terminá-lo. A agressividade alternativa parecia não dar folga nunca. E meu cérebro precisava de uma folguinha.

Mas olha o que a perspectiva não faz com a gente, né? Em 2023, senti vontade de conhecer a discografia dos caras. Conhecer de verdade. Peito aberto, ultrapassando o julgamento precipitado.

Larguei a missão ainda incompleta, se não me engano. Mesmo assim, há pouquíssimo tempo, revisitei o projeto. Segui o que Chris Cornell cantou no grupo tão afeito às afinações alternativas e andamentos quebrados.

Foi aí que Superunknown me bateu.

Até lançar o disco, em 8 de março de 1994, o Soundgarden atravessou algumas fases. Começou como um típico membro do selo Sub Pop. Som pesadinho, meio pé-sujo. Depois, no primeiro LP, Ultramega OK, pareceu confuso entre apostar na densidade modernosa ou abraçar as referências de rock e heavy metal clássico. Decidiu pelo metal, sem perder de vista o Black Sabbath da era Master of Reality na hora de criar seu trabalho-revelação, o groovado Badmotorfinger, em 1991.

Então, veio-lhes a vontade de repetir Nirvanas e Metallicas: dar o salto. Entrar nas orelhas das massas.

Michael Beinhorn encheu o saco deles, na busca. O co-produtor, perfeccionista, levou os músicos (também produtores) ao limite e além, numa tensão que tornaria o produto final da A&M ainda mais impactante. Tão impactante quanto o conteúdo lírico. Pesado a ponto de certos colegas da cena grunge soarem meio inofensivos, em comparação.

Antes da morte de Chris Cornell, eu nem desconfiava das lutas mentais que assolaram o cantor. Depois dela, suas letras adquiriram contornos, talvez, mais bastos que as de Kurt Cobain ou Layne Staley. Difícil não ficar impressionado com o que é dito em “Fell on Black Days”, “Mailman”, “Head Down” (letra contundente do baixista Ben Shepherd) e, em especial, “The Day I Tried to Live”.

Contrariando o que eu entendia, Superknown é, de fato, um full length variado. A atmosfera lúgubre pode não mudar; o modo da abordagem, sim. O peso é obtido de modos distintos. Ora contemporâneos ao que rolava na década, ora mais tradiça nas influências.

Acho que é por isso – apesar da frágil faixa “Half” – que Superunknown virou símbolo máximo do Soundgarden, em se tratando de álbum. Da mesma forma que o Nirvana fizera em In Utero e o Pearl Jam em Vs., a formação conseguiu manter a agressividade e falar, simultaneamente, com um grupo grande de pessoas. Fornecendo à bateria de Matt Cameron e às guitarras de Kim Thayil, no processo, o veículo sonoro mais apropriado para aproveitá-las. Boa, Michael Beinhorn!

Dito isso, devo confessar: é bacana dar o play no Superunknown. Mas é difícil não ficar um tantinho abalado ao notar nele – e no sucessor, Down On the Upside – o grau de insatisfação com que Chris Cornell aparentava enxergar a vida, no geral.

LISTA DE CANÇÕES

  1. Let me Drown
  2. My Wave
  3. Fell on Black Days
  4. Mailman
  5. Superunknown
  6. Head Down
  7. Black Hole Sun
  8. Spoonman
  9. Limo Wreck
  10. The Day I Tried to Live
  11. Kickstand
  12. Fresh Tendrils
  13. 4th of July
  14. Half
  15. Like Suicide

Deixe um comentário